segunda-feira, 2 de abril de 2012

Olá!

Dia desses comecei a escrever uma história zumbi, que foi surgindo na cabeça.  Agora a coisa está tomando boas proporções. Ontem o pessoal do Zumbiverso Nerd publicou o primeiro trecho do primeiro capítulo. O leitor acompanhará a estudante Lucy, que está sozinha no meio do caos e recebe uma estranha mensagem em seu celular, de um número desconhecido, o que indica que pode haver mais sobreviventes. O primeiro trecho está disponível na sessão de Contos do dia Z: http://zumbiverso.com.br/contos-do-dia-z/





SMS

Não bastasse todos os problemas que vinha enfrentando nos últimos dias, Lucy também tinha que se preocupar com o calor escaldante, que lhe deixava desidratada e fazia os odores dos mortos vivos, que perambulavam pelas ruas adjacentes, ficarem ainda piores. A pouca sorte da garota ao escapar desarmada dos últimos dois zumbis na saída do prédio onde morava, numa pacata vila residencial do interior do Estado, parecia estar se esgotando.
Pela manhã, Lucy recebera uma mensagem em seu celular. Surpresa com o fato de que os sinais ainda fossem capazes de transmitir SMS, a garota leu a mensagem, provavelmente enviada aleatoriamente, e teve certeza de que não era a única sobrevivente em meio aquele caos.
Já não era capaz de precisar a quanto tempo aquilo tudo havia começado. Os pais de Lucy tinham sido mortos, tal qual seu irmão mais velho e o cachorro da família, Tampo, atacado ao tentar defender os donos. Lucy assistira a tudo da janela do terceiro andar, onde morava. Os pais voltavam da igreja, onde o pastor estava reunindo sobreviventes desabrigados. A mãe de Lucy sugeriu a visita à comunidade do pastor para oferecer um quarto no amplo apartamento da família, de modo que a igreja não ficasse sobrecarregada. Quando o pai de Lucy estacionou o carro em frente ao prédio, de volta da missão social, duas daquelas horríveis criaturas se levantaram para lhes atacar. Os corpos espalhados pela rua fizeram com que Lucy e sua família achassem que estavam todos realmente mortos. Eles não sabiam quanto tempo podia demorar para um dos atacados se transformar, portanto não esperavam pelo ataque. Enzo, o irmão de Lucy, também assistia a volta dos pais pela janela, e logo desceu as escadas em disparada para ajudá-los. Antes, porém, trancou a porta por fora, para que Lucy não se arriscasse. Desesperada, a garota bateu e gritou, mas não conseguiu arrombar o quarto. Voltou à janela a tempo de ver o irmão mais velho acertar um dos zumbis com o extintor de incêndio do condomínio. A rua era estreita e não dava muito espaço para a luta, uma vez que o Palio da família estava parcamente estacionado.
Enquanto Enzo estraçalhava a cabeça do morto-vivo que fora ao chão, o outro zumbi conseguiu agarrar a mãe de Lucy pelas costas. A mulher gritou de maneira pavorosa quando a criatura cravou os dentes em sua nuca, arrancando um grande naco de carne e nervos, fazendo com que um jorro de sangue escorresse pelas roupas da dona de casa. O pai de Lucy conseguiu se desvencilhar do cinto de segurança no qual estava preso, abriu a porta do veículo com grande violência e puxou o morto-vivo pelos cabelos, para lhe desferir um soco na sobrancelha. Ele era um homem alto e pesado, com os braços fortes marcados pelos anos de trabalho na construção civil, e aquele soco teria no mínimo desmaiado qualquer oponente em condições normais. No entanto, o zumbi mal percebeu a potência do golpe; com um leve desequilíbrio, o monstro largou o pescoço da mulher e voltou-se para o atordoado pai de família. Antes que o pai de Lucy tivesse qualquer reação, o zumbi lhe agarrou pelos braços e bateu as mandíbulas ferozes com dentes podres na direção de seu rosto. A cabeça do zumbi fez um barulho estridente quando o extintor de Enzo lhe acertou em cheio. O golpe foi tão bem dado, que zumbi, pai e filho perderam o equilíbrio e desabaram sobre o capô do carro, que disparou o alarme imediatamente. Enquanto os três se engalfinhavam no chão, o alarme do sistema antirroubo reverberou pela estreita rua e pelos becos que cruzavam a via, naquele silencioso final de tarde. Lucy, que olhava a tudo aflita da janela, teve um pressentimento ruim sobre o barulho. Ela abafou um grito ao ver que diversas sombras começaram a surgir lentamente de todos os cantos da rua, entre garagens, portões destruídos, das portas abertas dos veículos batidos, das caçambas de lixo, do comércio mais abaixo. Lucy tentou avisar ao pai e ao irmão, que finalmente haviam matado o zumbi e agora verificavam a mãe, que se contorcia agonizante.
CONTINUA

Nenhum comentário:

Postar um comentário